28/06/2006 - Morto pela Ditadura tem ossada identificada por exame de DNA
O corpo de Luiz Cunha, como era mais conhecido o militante, foi enterrado como indigente no Cemitério de Perus. Em 1991, após a pressão de grupos de Direitos Humanos, os corpos lá enterrados foram exumados. Os restos mortais de Cunha e outros militantes políticos mortos no auge da repressão militar foram então levados para a Unicamp para identificação.
Após 15 anos de tentativas frustradas, os restos mortais de Cunha foram identificados por meio de exame de DNA realizado pelo laboratório Genomic, de São Paulo. O exame comparou parte de um osso com marca de ferimento à bala com amostras de sangue da mãe e de um irmão de Cunha.
O MPF em São Paulo atua no caso desde 1999 quando instaurou procedimento administrativo para apurar os motivos que levaram à não-conclusão do exame de DNA necessário à identificação de Flávio Molina. Em virtude da investigação, o Estado transferiu a guarda dos ossos da vítima da Unicamp para o Instituto Médico Legal em São Paulo. Desde então, novas tentativas foram feitas até o exame positivo, agora em junho de 2006.
Nascido em Recife, em setembro de 1943, Cunha, segundo informações do site www.desaparecidospoliticos.org.br , foi morto a tiros, aos 29 anos, pela equipe do Grupo Especial do DOI-CODI/SP chefiada pelo agente conhecido como ``Capitão Nei´´ e tenente da PM ``Lott´´, na altura do nº 2200 da avenida Santo Amaro, em São Paulo, no dia 13 de julho de 1973.
A emboscada montada para o assassinato de Luiz José se estendia por toda a região próxima ao nº 2000 da avenida Santo Amaro. A versão oficial divulgada pelos assassinos de Cunha afirma que ele, ao ser abordado em virtude de sua atitude suspeita, teria reagido a tiros, procurando fugir ao tentar tomar à força um carro dentro do qual havia duas moças.
Segundo o testemunho de numerosos populares que assistiram a cena, Cunha realmente tentou tomar o carro mas, antes de ter qualquer chance de defesa, foi atingido pelas costas.
Os tiros que feriram as duas moças, segundo ainda os depoimentos dos populares, seriam provenientes das balas dos agentes, que atiravam constante e indiscriminadamente.
Marcelo Oliveira
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