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Pará

Indígenas
12 de Agosto de 2022 às 17h0

Normativa da Funai que permite grilagem em terras indígenas é suspensa pela Justiça em mais uma região do Pará

Decisão é a sétima favorável ao MPF no Pará

Imagem de documento desfocado ao fundo, com a palavra "liminar" em destaque na cor amarela.

Arte: Secom/MPF

A Justiça Federal suspendeu os efeitos de uma instrução normativa editada em 2020 pela Fundação Nacional do Índio (Funai) que dispõe sobre o requerimento, disciplina e análise para emissão da Declaração de Reconhecimento de Limites em relação a imóveis privados em terras indígenas.

Em ação civil pública, o Ministério Público Federal (MPF) argumentou que a Instrução Normativa nº 9, de 16 de abril de 2020, viola a publicidade e a segurança jurídica ao desconsiderar por completo terras indígenas delimitadas, terras indígenas declaradas e terras indígenas demarcadas fisicamente, além das terras indígenas interditadas, com restrições de uso e ingresso de terceiros, para a proteção de povos indígenas em isolamento voluntário.

Na decisão liminar, o juiz federal Henrique Jorge Dantas da Cruz estabeleceu prazo de 30 dias para que a Funai inclua no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) e no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), além das terras indígenas que já estão homologadas, todas as terras dominiais indígenas plenamente regularizadas e reservas indígenas. Essas áreas deverão igualmente ser consideradas na Declaração de Reconhecimento de Limites (DRL).

Também deverão ser mantidas ou incluídas as terras indígenas sob a área de jurisdição da Seção Judiciária do Pará em processo de demarcação nas seguintes situações: área em estudo de identificação e delimitação; terra indígena delimitada (com os limites aprovados pela Funai); terra indígena declarada (com os limites estabelecidos pela portaria declaratória do Ministro da Justiça); terra indígena com portaria de restrição de uso para localização e proteção de índios isolados.

A liminar obriga ainda que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no prazo de 30 dias, considere no procedimento de análise de sobreposição realizada pelos servidores credenciados no Sigef todas as áreas indígenas que se encontram na mesma situação daquelas que a Funai deverá manter ou incluir no Sigef e no Sicar.

Insegurança jurídica - Para o magistrado, o ato normativo da Funai fomenta, “aparentemente”, grave insegurança jurídica para ambos os lados, indígenas e não indígenas, isso porque “desconstrói o dever estatal de proteger todas as terras tradicionalmente indígenas, e não apenas aquelas elencadas no art. 4º [da IN nº 9/2020], de forma que as terras fora do rol elencado ficam desprotegidas contra eventuais abusos de particulares que venham a obter a declaração para, de forma legal amparada pelo ato normativo, ocupar essas terras, com o fim de utilizá-las em prol do desenvolvimento agropecuário, o que influenciará em eventuais conflitos fundiários entre eles e indígenas”.

Acrescenta ainda que, a partir da edição da IN nº 9, “as permissões da emissão de DRL em favor das terras fora do rol do artigo 4º podem gerar expectativa de direito para os particulares, que depositam sua confiança na Administração Pública de que as áreas ocupadas são legítimas, e, com a posterior homologação dessas terras em favor dos índios, todos os negócios jurídicos realizados serão nulos, o que pode gerar, ainda, ações contra a União.”

Henrique Dantas da Cruz ressalta que entendimentos já firmados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) demonstram que “o Estado não pode criar terras indígenas, nem pode apontar, em dissonância com o texto constitucional, quais são merecedoras de sua proteção com base em processos de demarcação. As terras indígenas, independentemente de homologação estatal de reconhecimento, devem receber a proteção estatal”.

Atuação coordenada - Desde a publicação da IN 9/2020, o MPF defende que a regulamentação ameaça os direitos territoriais dos indígenas. Em abril de 2020, 49 procuradoras e procuradores da República de 23 estados assinaram recomendação que foi encaminhada ao presidente da Funai para que o ato administrativo fosse anulado.

Com a negativa da Funai em cumprir a recomendação, o MPF ajuizou ações por todo o país. No Pará foram movidas oito ações pelo MPF contra a IN 09, das quais sete já têm decisões favoráveis ao MPF. Além da liminar proferida em Belém, já haviam sido concedidas liminares favoráveis ao MPF em Altamira, Castanhal, Itaituba, Redenção, Santarém e Tucuruí. Em Altamira, Castanhal, Santarém e Tucuruí as liminares foram confirmadas em sentenças.

Em Marabá, onde sentença da Justiça Federal considerou improcedentes os pedidos da ação, o MPF interpôs recurso e aguarda nova decisão.

 

(Reprodução do site da Justiça Federal no Pará, com adaptações e complementações)

 

Processo 1014155-62.2020.4.01.3900 - 1ª Vara Cível da Justiça Federal em Belém (PA)

Íntegra da decisão

Consulta processual

 

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