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Pará

Indígenas
30 de Novembro de 2020 às 15h55

MPF recomenda suspensão imediata de expedição da Funai em área de indígenas isolados no Pará

Presidente da autarquia tem prazo de 24 horas para responder à recomendação, enviada no domingo (29)

#Pracegover: arte retangular com fundo verde escuro. ao centro está escrito a palavra indígena na cor branca. a arte é da Secretaria de comunicação do ministério público federal.

Arte: Secom/MPF

O Ministério Público Federal (MPF) enviou recomendação à Fundação Nacional do Índio (Funai) para que sejam suspensas imediatamente quaisquer expedições à Terra Indígena Ituna Itatá, área interditada por causa da presença de indígenas isolados, na região do médio Xingu. O MPF recebeu informações de que a fundação planeja enviar servidores ao local.

A recomendação foi enviada no domingo (29) e dá prazo de 24h para que o presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva e o diretor de proteção territorial, César Augusto Martinez, respondam ao documento. Para o MPF, qualquer entrada na área de isolados somente pode ser realizada após a desintrusão e regularização fundiária, com retirada dos invasores que atualmente ocupam a terra indígena e representam ameaça à vida e à integridade física dos servidores públicos que adentrarem ao local.

Após a total retirada de invasores da Terra Indígena Ituna Itatá a Funai poderá planejar expedições ao local, no entendimento do MPF, apenas se forem observadas as medidas destinadas à prevenção do contágio por covid-19. De acordo com o Plano de Ações em Terras Indígenas da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) da própria Funai, a entrada de funcionários em áreas como a Ituna podem ocorrer somente após rigorosa quarentena.

O MPF recebeu informações de que o início da expedição é iminente e uma equipe da Funai já estaria em Altamira se preparando para a incursão na área dos isolados. A Ituna Itatá está interditada desde 2010 para proteger a vida de indígenas isolados dos quais já foram encontrados vários vestígios. A interdição faz parte também das condicionantes da usina de Belo Monte, por conta da atração de migrantes provocada pela obra.

A possível incursão da Funai na terra indígena teria sido provocada por articulação política do senador Zequinha Marinho (PSC), diz o MPF, que lembra no documento que o político “atua notoriamente em desfavor da proteção aos povos e territórios indígenas” e enviou ofício ao ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República se posicionando contrariamente à interdição da área para os indígenas em isolamento voluntário.

“Em sua atuação política, o referido senador nega a existência de povos indígenas isolados na TI Ituna-Itatá e manifesta intenções contrárias à política de não contato que orienta o trabalho da Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai, contrariando ainda a metodologia de base científica desenvolvida há anos por indigenistas especializados, bem como o compromisso do Estado brasileiro com a proteção aos povos indígenas isolados”, diz a recomendação.

A expedição agendada pela Funai, no entendimento do MPF, ameaça a existência dos indígenas isolados – eles poderiam não sobreviver ao contato durante a pandemia de covid-19, viola a legislação nacional que protege os povos indígenas, representa risco aos servidores pela possibilidade de conflito com os invasores do território e carece de qualquer justificativa técnica.

Na semana passada, o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI) encaminhou ao MPF em Altamira relatório denunciando a grave violação de direitos territoriais com a possível redução dos limites da Terra Indígena Ituna Itatá pela Funai sem nenhuma fundamentação técnica. De acordo com a denúncia, a redução foi uma iniciativa do diretor de proteção territorial da Funai, atendendo a demanda do senador Zequinha Marinho.

O MPF alerta que qualquer ato administrativo para reduzir os limites de terra indígena sem fundamentação técnica representa violação da Constituição e, se praticado pela Funai, contraria a própria missão institucional, já que a autarquia indigenista foi criada pelo Estado brasileiro expressamente para defender os direitos indígenas, sobretudo, os territoriais.

Ministério Público Federal no Pará
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