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Amazonas

Jamily Souza da Silva

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Jamily Souza - Liderança do Quilombo do Barranco. Organizadora da festa de São Benedito

 "Em outubro de 2013, o Dr. Júlio Araújo, à época responsável pelo ofício que cuida dos interesses das comunidades tradicionais, fez contato conosco para realizar uma edição do projeto 'MPF em Movimento', no quilombo do Barranco. Alguns dias depois, recebemos a comitiva, com 16 pessoas, na sede da Associação Batucada. Durante a conversa, explicamos a respeito do nosso movimento negro. Até então, nós estávamos 'por fora' da lei de certificação de quilombos.

Na oportunidade, nós ainda levamos o grupo na quadra da escola de samba Vitória Régia, que tinha lançado o enredo para o Carnaval do ano seguinte, tratando dos 130 anos de libertação dos escravos no Amazonas. Depois, fomos para a comunidade, levando o procurador e os servidores para a casa que serve de capela para a imagem de São Benedito, onde é o nosso santurário. Nesse momento, explicamos um pouco da nossa história e da festa realizada em homenagem ao santo, que é a mais antiga da comunidade. Nossas famílias residem aqui desde 1890.

O Dr. Júlio e os servidores, ao ouvirem tudo isso, chegaram à conclusão de que nós tínhamos plenas condições de sermos certificados como comunidade quilombola. Mais tarde, em novembro do mesmo ano, o MPF realizou um evento na semana da Consciência Negra. Na ocasião, o procurador nos apresentou um ofício direcionado à Fundação Palmares, já informando a existência do nosso quilombo urbano. Desde então, nós passamos a conhecer mais sobre essa política do governo federal de reconhecimento das comunidades quilombolas no Brasil.

Depois da intervenção do MPF, o processo de certificação foi muito rápido. No fim de dezembro de 2013, o Ministério Público já recebeu uma resposta da Fundação Palmares, dizendo que, no primeiro semestre de 2014, viria um técnico à comunidade verificar se todas as informações repassadas pelo MPF eram válidas. O historiador Valdicley Vilas Boas chegou na época do Carnaval, quando nós já estávamos organizando a feijoada de São Benedito, que antecedem os festejos, e permaneceu durante um fim de semana em Manaus. Nesse período, ele participou da feijoada e, posteriormente, o levamos para conhecer algumas famílias, incluindo os membros mais antigos da comunidade. Ele também visitou o santuário de São Benedito e constatou que a imagem do santo, esculpida em pau-de-angola, é uma escultura tradicional e muito antiga, com mais de 200 anos.

Após a visita dele, tivemos que produzir um dossiê sobre a comunidade e enviá-lo à Fundação Cultural Palmares com um relato sintético, anexando imagens, vídeos e recortes de jornais. Em maio de 2014, nós enviamos o relatório e a certificação foi concedida no final de setembro. Achamos um processo bem rápido e devemos muito ao Ministério Público, que nos ajudou a ter esse reconhecimento. Os outros órgãos a quem recorremos não haviam feito nada para salvaguardar as nossas tradições.

Depois da nossa certificação, com a ajuda do MPF, nós passamos a ter mais visibilidade e até muito mais respeito. Nós deixamos de ser o 'barranco da negada' para sermos reconhecidos como um quilombo urbano. Agora temos visitas todos os sábados, mais movimentação, para apreciar nosso artesanato, culinária... E nosso pagode também virou tradição. Fazia tempo que aqui na Praça 14, nós não tínhamos um pagode de raiz. Mas agora as pessoas dizem 'o samba voltou ao seu lugar'. Em 2015, o deputado Bosco Saraiva propôs o projeto que resultou no tombamento da comunidade como patriômio imaterial do Estado. Também recebemos um placa de reconhecimento da Secretaria de Cultura do Estado. Mas tudo isso depois da certificação, do pontapé inicial dado pelo MPF. Nós somos muito gratos por isso".

 

 

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