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Rio de Janeiro

Combate à Corrupção
19 de Novembro de 2019 às 10h50

Lava Jato/RJ faz operação para desmantelar esquema envolvendo ex-presidente do Paraguai

Justiça determina prisão de Cartes e outros 19 investigados por corrupção e lavagem de dinheiro

Procuradores Marisa Ferrari e José Augusto Vagos

Foto: Ascom/PRRJ

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) deflagraram nesta terça-feira (19) a Operação Patrón para executar 20 prisões, no Brasil e Paraguai, e buscas e apreensões em endereços de 15 investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. Os alvos com prisão decretada pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro incluem o ex-presidente do Paraguai e atual senador Horácio Cartes, os doleiros Dario Messer (preso preventivamente desde julho) e Najun Turner (já condenado, considerado foragido), além de empresários também suspeitos de operar com câmbio ilegal e ocultar os recursos das autoridades (veja lista de alvos no fim do texto).

A operação da Força-tarefa Lava Jato/RJ é um desdobramento da Operação Câmbio, Desligo com foco no ramo paraguaio da organização de Messer, doleiro que comandou esquemas de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e evasão de divisas que movimentaram mais de US$ 1,6 bilhão em contas em 52 países e mais de 3.000 offshores. A ramificação no Paraguai foi mapeada a partir dos celulares, computadores e documentos apreendidos com ele em São Paulo, além da análise de dados telemáticos obtidos com autorização judicial.

Cópias de mensagens de WhatsApp atestaram o auxílio de autoridades paraguaias e outros cidadãos para Messer ficar foragido ora no Paraguai, ora no Brasil. Por esses dados constatou-se que a organização criminosa disponibilizou pelo menos US$ 2,5 milhões a Messer. As apurações revelaram que Cartes teria enviado US$ 500 mil para o doleiro, a quem se referiu como “hermano de alma”, após sua fuga para o país que ele governava até agosto do ano passado. As famílias Messer e Cartes fazem negócios desde os anos 1980 e um relatório de uma CPI no Paraguai definiu Dario como sócio oculto do atual senador.

Prisão de ex-presidente – A Justiça Federal concordou com o MPF que a prisão de Cartes se prova necessária devido a graves riscos para a ordem pública, pela contemporaneidade e gravidade dos crimes investigados e por ser a única forma para interromper os crimes de lavagem de dinheiro já comprovados e, assim, debelar de forma definitiva essa organização transnacional.

“Se, mesmo como presidente da República, Cartes manteve-se alinhado à Orcrim brasiguaia, sem mandato e, portanto, sem preocupação em se expor, terá muito mais desenvoltura para continuar financiando, com seu enorme poder econômico, e tramando, com o seu não menor poder político, para que as autoridades de persecução não o atinjam e nem ao seu 'irmão de alma' Dario Messer, que não hesitou em cobrar do 'patrão' em carta manuscrita de próprio punho, além de dinheiro, 'o seu apoio de sempre'”, afirmam os 11 membros da Lava Jato/RJ autores da petição, na qual se manifestam favoráveis aos mandados requeridos pela PF e à prisão preventiva do ex-presidente.

Para os investigadores, Cartes está inserido no Núcleo Político do braço paraguaio, que tem ainda outros empresários e a família Mota, possivelmente ligada ao contrabando de cigarros e ao tráfico de drogas e armas e que deu abrigo e apoio logístico para Messer naquele país. Os outros núcleos desse braço criminoso são o financeiro, com Najun Turner e outros sete doleiros, e operacional, da família da namorada de Messer, Myra Athayde, que garantiu o transporte e o recebimento de recursos financeiros ocultos do doleiro.

Reiteração delitiva – Dados nos celulares apreendidos comprovaram que os crimes da organização de Messer não cessaram mesmo após a Operação Câmbio, Desligo, de maio do ano passado. “Ao contrário, a complexa rede do submundo do mercado ilícito de capitais o acolheu porque já inserida em sua própria organização, dela jamais tendo se dissociado”, ressaltou a Lava Jato/RJ na petição à Justiça.

Os pedidos de prisão preventiva ratificados ou feitos pelo MPF se fundamentaram na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), que entende que, para a decretação da prisão preventiva com fundamento na garantia da ordem pública, é importante restar demonstrada a contemporaneidade dos fatos, a periculosidade do agente, seu papel de destaque na organização, a gravidade dos crimes e o risco de reiteração delitiva.


Alvos da prisão

Prisão preventiva

1. Dario Messer (doleiro);

2. Myra de Oliveira Athayde (namorada de Messer)*

3. Alcione Maria Mello de Oliveira Athayde (mãe de Myra)*

4. Arleir Francisco Bellieny (padrasto de Myra)*

5. Roland Pascal Gerbauld (doleiro investigado por lavar dinheiro nos Estados Unidos e Bahamas)*

6. Roque Fabiano Silveira (empresário na fronteira, portador do pedido de dinheiro de Messer para Cartes)

7. Lucas Lucio Mereles Paredes (doleiro da rede de Messer há uma década)

8. Najun Azario Flato Turner (doleiro atualmente foragido que ajudou Messer após ele voltar para o Brasil)*

9. Luiz Carlos de Andrade Fonseca (doleiro, sócio da Entertour, usada para remessas feitas a Messer)*

10. Felipe Cogorno Alvarez (empresário do grupo Cogorno investigado por ocultar US$ 500 mil para Messer)

11. Edgar Ceferino Aranda Franco (doleiro, dono da FE Cambios SA, usada como cofre para dinheiro ilícito)

12. José Fermin Valdez Gonzalez (doleiro, gerente da FE Cambios SA)

13. Jorge Alberto Ojeda Segovia (“Finolo”, doleiro com longa parceria com Messer)

14. Maria Letícia Bobeda Andrada (advogada filha de senador que ocultou US$ 150 mil de Messer para fins ilícitos)

15. Antonio Joaquim da Mota (“Tonho”, empresário ligado a crimes com cigarros, drogas e armas e que abrigou Messer em propriedades da família no Paraguai)*

16. Cecy Medes Gonçalves da Mota (mulher de Tonho)*

17. Horácio Manuel Cartes Jara (“patrão”, político com empresas em vários setores)


Prisão temporária

18. Valter Pereira Lima (doleiro)*

19. Antonio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota (filho de Tonho e empresário no Brasil e Paraguai)*

20. Orlando Mendes Gonçalves Stedile (enteado de Tonho)*

*alvos também de busca e apreensão

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