Giac promove reunião entre focalizadores e médica do Hospital das Clínicas de São Paulo
No encontro foram discutidas as últimas informações sobre a pandemia e esclarecidas dúvidas de membros do MP
Foto: Antonio Augusto/Secom/PGR
O Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (Giac-Covid-19) promoveu nesta quarta-feira (22) reunião entre focalizadores do Ministério Público Federal, MPs Estaduais e Ministério Público do Trabalho (MPT) e a cardiologista Ludhmila Abrahão Hajjar. Professora da Universidade de São Paulo, ela está deslocada para o atendimento de pacientes internados com covid-19 na UTI do Hospital das Clínicas. O objetivo da reunião foi trazer informações técnicas sobre o combate à pandemia e esclarecer dúvidas dos membros focalizadores do Ministério Público.
Na videoconferência, Ludhmila apresentou dados gerais sobre a doença. Já são 2,5 milhões de casos confirmados em todo o planeta, com 175 mil óbitos registrados. No Brasil, estão confirmados 43 mil casos e 2,7 mil óbitos. Mas, segundo ela, o diagnóstico no país ainda é baixo, por causa da falta de testes. “Estima-se que o número de casos seja de oito a dez vezes maior. Devemos ter entre 300 mil e 400 mil casos no Brasil”, disse a cardiologista. A taxa de mortalidade no país é de 6% dos casos e, de cada 100 doentes, 20 precisam de internação e cinco de UTI. A média de tempo de permanência em UTI é de 14 dias, o que representa pressão enorme sobre o sistema de saúde. A região Sudeste tem o maior número de pessoas infectadas, seguida pelas regiões Nordeste e Norte.
Segundo Ludhmila, a expectativa é que o número de casos no Brasil aumente nas próximas semanas, o que vai exigir maior número de testes e gestão inteligente dos leitos de UTI para evitar colapso e garantir o atendimento a quem precisa. Ela apontou também a necessidade de se proteger os profissionais de saúde que atuam no combate à doença, falou sobre testes e formas de detectar a contaminação da população, além de explicar os parâmetros adotados pelo Hospital das Clínicas para internar pacientes na UTI.
As principais dúvidas dos focalizadores giraram em torno do uso da cloroquina e de outros medicamentos no combate à doença, e da flexibilização das medidas de isolamento. Em relação ao uso da cloroquina, ela explicou que ainda não existem estudos conclusivos sobre a eficácia da substância em humanos.
Sobre a flexibilização do isolamento, Ludhmila explicou que essa análise precisa ser feita de forma regional, já que o país é muito grande e a doença avança de maneira dinâmica. Além disso, de forma ideal, um plano bem-sucedido de flexibilização deve considerar três parâmetros: doença estável nos 14 dias anteriores à medida, com declínio no número de casos; sistema de saúde fora do colapso (ou seja, com leitos de UTI vagos) e possibilidade de ampliação de leitos, se necessário; e existência de testes em massa. Segundo ela, se os três requisitos não forem cumpridos, ainda seria possível flexibilizar as medidas de isolamento, desde que, de forma responsável e transparente com a população. Também é essencial monitorar e, se os casos aumentarem, as medidas restritivas são indicadas.
A videoconferência foi gravada e será disponibilizada para os focalizadores nos próximos dias. Também poderá ser acessada pela TV MPF. A intenção é realizar encontros periódicos para manter os focalizadores atualizados sobre a doença.